segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

A irís é o diafragma do Amor, ♥

"Só existem duas maneiras de te esquecer: de jeito nenhum e de nenhum jeito."

' Ele olha, ela devolve o olhar.
Ambos sabem a improbabilidade dessa troca de olhares levá-los a algum lugar.
Ele está pensando no significado daquele sorriso tímido, disfarçado entre mechas de cabelo castanho que insistem em esconder o rosto que prendeu sua atenção entre tantos outros.
Ela está pensando em como é boba, e em quantas cantadas já depositou sonhos de amor eterno. Se ao menos fosse real...
Os dois temem a desislusão.
Ele fraqueja em sua confiança e deseja, pela primeira vez, uma só pessoa no mundo. Mas por que ela sequer falaria com ele?
Se ao menos fosse real...
Sem nomes, sem histórias anteriores.
Personagens comuns e paixões à primeira vista.
O que realmente tem um final feliz fora do papel?
A palavra final já tem uma conotação de tristeza nas histórias de amor.
Ela levanta um pouco constrangida, envergonhada da própria existência e caminha em direção ao banheiro. É uma fuga tingida de tédio.
Torcendo tanto para o garoto da outra mesa segui-la, torcendo tanto para ser invisível, querendo tanto querer algo possível.
Ele participa de um último comentário com os amigos que zombam uns dos outros e segue a garota com os olhos.
Deve levantar ou não?
Será que vai parecer um idiota? (todos parecem idiotas em situações românticas).
Levanta. Oi (não me deixe aqui sozinho, não me faça fingir que achei que era uma conhecida, não me faça fugir de você) Olá (ai meu deus, o que eu faço? Não quero parecer atirada, mas e se você acabar achando que eu sou difícil demais pra insistir?)
Eu vi você lá e... (queria saber seu nome, seus medos, sua vida. Queria te proteger do frio e do mundo, esquecer de tudo com você...)
É, eu... (queria saber seu signo e suas dores, saber o que há além desse garoto comum com amigos bobos e olhos magnéticos, queria largar tudo...) Você acharia muito estranho se eu dissesse que tudo parou?
Acharia.
Mas tudo parou.
Eu sei.Então?
Então aqueles olhos, que já se liam durante toda uma noite, finalmente se entenderam.
As palavras pareciam tão fracas e inexpressivas diante da comunicação mais profunda que existe, os enlaces faziam tanto sentido...
E tudo Parou.

Verônica H.

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